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Foto do escritorCefas Alves Meira

Vidas Barradas concorre ao Festival Cine Del Plata


O rompimento da barragem ocorreu em 25 de janeiro de 2019

O documentário Vidas Barradas, produzido pela Clara Digital e dirigido pelo publicitário mineiro Cid Faria, foi selecionado pelo Festival Cine Del Plata, na Argentina, que acontece de 24 a 27 deste mês.


O festival é um dos mais conceituados da América Latina, e os jurados viram na obra, que dá voz aos familiares das vítimas da Vale na tragédia de Brumadinho, uma retratação e denúncia artística desse tsunami de lama que atingiu a população daquela cidade mineira em 25 de janeiro de 2019.


O documentário já tinha sido finalista do prêmio Guarnicê, um dos mais antigos e prestigiados do Brasil, e eleito como melhor filme de 2020 na categoria Voto Popular.


Negligência

Vidas Barradas mostra que em 2020 a lama da mineradora, com o rompimento da barfragem, ainda corria pelas ruas, casas, estradas, e nas almas dos moradores da cidade, que ruiu por conta da negligência e da ganância da mineradora. A população de Brumadinho assistiu em primeira mão ao filme, tão logo ele foi produzido, mesmo porque a obra contou com a participação de muitos moradores da cidade.


Sem fins lucrativos, o documentário, de 80 minutos, é o mais completo registro do que aconteceu naquele dia e do que acontecia quase um ano depois da tragédia, na vida de familiares, moradores e dos poucos que sobreviveram ao desastre com a barragem da Vale.


A tragédia

Vidas Barradas apresenta relatos desesperadores de pais, filhos, irmãos, familiares e amigos das vítimas da Vale.


Cid Faria explica que a data 25 de janeiro de 2019 “está marcada na memória e na alma dos moradores da cidade mineira, onde diretamente ou indiretamente dependiam financeiramente da empresa Vale”.


O diretor ressalta que a multinacional brasileira é uma das maiores empresas de mineração do mundo e a maior produtora de minério de ferro. “Apesar de todo o investimento tecnológico e dos milhões ou bilhões de reais de faturamento, um instrumento simples de segurança não funcionou, a sirene de alarme. O alerta, que poderia ter salvado vidas, ficou calado naquele dia. Aos exatos 12h e 28 minutos, a barragem na Mina do Córrego do Feijão ruiu”, denuncia.

Naquele momento, os funcionários da mineradora almoçavam no refeitório, que foi o primeiro a ser atingido. Com a violência de um tsunami, a onda de barro engoliu prédios, vagões de trem, veículos e vidas. Em minutos, arrasou comunidades rurais inteiras.



O filme mostra ainda o relato de um grupo de vítimas quase esquecido pela mídia, mas que sofre com a tragédia de Brumadinho, - os índios Pataxós da Aldeia Naô Xôhã. O vídeo dá voz ao povo que viu a lama destruir o seu “deus rio”, a entidade da natureza que dá vida e alimento para a aldeia. Hoje, o grupo depende de caminhões pipa para beber, cozinhar e lavar tigelas. O ritual da Festa da Água, cultura ancestral dos Pataxós, corre o risco de se perder com o tempo, isso porque eles não podem mais chegar perto do rio contaminado e morto.


Assinam a produção, além da Clara Digital, também a Comissão Internacional de Juristas Independentes. O documentário, que pode sair vencedor do Festival Cine Del Plata, no final do mês, pode ser visto pelo link encurtador.com.br/cfk57.


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