Mesmo ainda considerada “inimiga” pelo presidente Jair Bolsonaro, a TV Globo volta a ser a emissora que mais recebe verbas publicitárias do governo federal, pagas pela Secretaria Especial de Comunicação, Secom. Estamos a apenas dez meses e meio das eleições presidenciais de 2022, o que pode explicar essa mudança de comportamento do Palácio do Planalto.
Desde janeiro até o início deste mês a Globo recebeu repasse de R$ 54 milhões, contra 50 milhões em 2020 e 33,3 milhões em 2019. Até 31 de dezembro, o saldo deve registrar um crescimento ainda maior para a emissora fundada por Roberto Marinho. Record e SBT ficaram, respectivamente, em segundo e terceiro lugares no ranking da Secom, depois de terem ocupado, nos dois últimos anos, primeira e segunda colocações.
Já emissoras de perfil religioso, que têm forte audiência no eleitorado de Bolsonaro, registraram uma forte baixa no caixa em 2021, provocada pela drástica redução das verbas da Secom para divulgação do governo federal. Sete emissoras evangélicas e católicas - que receberam em R$ 3,8 milhões em 2019, e em R$ 3,2 milhões em 2020 -, este ano, até início de novembro, faturaram apenas R$ 1,1 milhão, sendo pouco provável que até o final de dezembro o valor aumente significativamente.
Critérios
Em agosto de 2020, o Tribunal de Contas da União divulgou dados de uma auditoria que apontou falta de critérios técnicos no rateio da verba publicitária do Planalto. E um dos critérios fundamentais é o da audiência, com a TV Globo tendo mais telespectadores que Record, SBT e Band.
Mas curiosamente, ignorando a audiência da aldeia global, o presidente Bolsonaro, no encontro que mantém todas as manhãs com seus apoiadores, no chamado “Cercadinho do Alvorada”, cutucou a direção da emissora líder de audiência. Sinalizou com a possibilidade de não renovar o contrato de concessão da administração federal para com a Rede Globo.
“A Globo tem encontro comigo ano que vem. Encontro com a verdade. Não vou perseguir ninguém. Tem que estar com as certidões negativas em dia, um montão de coisas aí”, fuzilou Jair Bolsonaro.
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