O publicitário Hamilton Gangana enviou artigo à coluna sobre o cartunista e escritor Ziraldo Alves Pinto, falecido ontem, no Rio, aos 91 anos. O texto:
“O mineiro de Caratinga, no Vale do Aço, Ziraldo Alves Pinto, autor do best seller O Menino Maluquinho, entre outras publicações de sucesso, começou a sua carreira profissional aqui em Belo Horizonte, nos anos 50, e foi também publicitário.
“Eu o conheci atuando no departamento de arte, criado e dirigido pelo jornalista e publicitário José de Oliveira Vaz, então o poderoso gerente de publicidade dos jornais Estado de Minas e Diário da Tarde, e mais tarde, diretor geral da TV Itacolomi. José Vaz era também correspondente local da agência Mccan Erickson, até ser criada a filial mineira da famosa agência americana, tendo à frente Edgard Melo e Hélio Faria.
“José Lara era o chefe do departamento de arte dos jornais, que funcionava como uma house, e havia necessidade de se manter um time de desenhistas, como Ziraldo, Hélio Faria, Tenente, Rocha, Ildeu, Rodolfo, Cristiano, Radik, entre outros ilustradores, já que raramente se usavam fotos nos reclames, talvez por causa da impressão com clichê, muito precária.
“Os jornais dominavam a mídia, seguidos pelas três emissoras - Guarani e Mineira, dos Associados e Inconfidência, do governo do Estado. A televisão apenas começava no Brasil, com a TV Tupi, de São Paulo, inaugurada em setembro de 1950. Circulavam por aqui os matutinos "Estado de Minas", "Diário da Tarde", "Diário de Minas", "O Diário", "Folha de Minas"; e o "Diário Oficial" do governo estadual. Além de "O Binômio" aos sábados, "O Debate" aos domingos, e também a revista "Alterosa", uma publicação mensal de ótima qualidade, referência nacional.
Um dos principais anunciantes da época, a Casa Guanabara, extraordinário e avançado magazine - construiu sua sede própria com 9 andares, uma loja em cada andar, na avenida Afonso Pena - tinha o desenhista e caricaturista Ziraldo fazendo parte de sua própria equipe
de publicitários, até que a agência Standard Propaganda abrisse sua filial em BH, dirigida pelo então publicitário Said Farah (ministro) e assumisse a conta, levando o profissional.
Ziraldo Alves Pinto (1932-2024), partiu para o Rio de Janeiro em 1957, já formado em Direito pela UFMG, e foi trabalhar na revista "O Cruzeiro", dos Associados, a maior do país, onde lançou “A Turma do Pererê”, com personagens brasileiros. Depois tornou-se colaborador do Jornal do Brasil, e da revista Pif Paf, de Millôr Fernandes.
Daí em diante, não parou mais. Foi um dos criadores de "O Pasquim", semanário crítico da ditadura militar, em 1969, com Millôr Fernandes, Jaguar, Paulo Francis, entre outros respeitados profissionais. Em 1969, Ziraldo ganhou o Oscar Internacional do Humor, em Bruxelas. Em 1980 recebeu o Jabuti por “O Menino Maluquinho”, sua criação de maior sucesso.
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