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ARTIGO - O mais criativo humorista brasileiro. É mentira, Terta? 

  • Foto do escritor: Cefas Alves Meira
    Cefas Alves Meira
  • há 6 dias
  • 5 min de leitura

                                                                  Hamilton Gangana

 


O incomparável humorista, ator, intérprete, roteirista, dublador, escritor, criador, produtor e apresentador de programas Francisco Anysio de Oliveira Paula (1931-2013), Chico Anysio, foi questionado como conseguia dar conta de tanta atividade ao mesmo tempo, em entrevista ao jornal “O Globo”. Respondeu  que acordava “uma hora antes, para trabalhar 25 horas por dia”, e não perder nenhum lance que poderia acontecer em alguma fração de segundo.

 

Chico Anysio provocou risos de seus entrevistadores, ao afirmar que se mantinha sempre ligado, e que não tinha sido perguntado, “mas consigo um tempinho para me dedicar às minhas seis ex-mulheres!”

 

Unanimidade nacional, o cearense de Maranguape, o mais talentoso humorista brasileiro criou 209 personagens - figuras caracterizadas com conteúdos, vozes, trajes, gestos e bordões diferentes - em 65 anos de carreira, mais de 40 na Globo. Atuou nas rádios Clube de Pernambuco, Clube do Brasil, Guanabara (atual Bandeirantes),Mayrink Veiga; nas tvs Record,Tupi, Rio, Excelsior e Globo; escreveu  montou, interpretou, dirigiu e apresentou grandes ícones do humorismo televisivo: “Chico Anysio Show”, “Chico Total”, “Chico City”,”Escolinha  do Professor Raimundo”, e também vários especiais.

 

Entre outros hits, atuou em “Os Trapalhões” (apresentador), “Praça da Alegria”, “Balança Mas Não Cai”, “Zorra Total”, e no “Fantástico.” Criou diálogos para filmes da Atlântida, produziu e apresentou pelo Brasil afora vários stand up comedy e dezenas de bordões conhecidos, entre eles o do professor Raimundo Nonato, na “Escolinha”, que encerrava a sabatina com seus alunos, fazendo o gesto: “E o salário, ó”!.

 

Chico Anysio exibiu talento também nas novelas ”Que Rei Sou Eu”, “Terra Nostra”, “Sinhá Moça”, “Caminho das Índias”; participou; entre outros, dos seriados “Sítio do Pica Pau Amarelo”, “Brava Gente”, “A Diarista”. A impressionante versatilidade de Chico Anysio não tinha limites.

 

O profissional de comunicação deve estar sempre atento, porque, de repente, pode pintar uma ideia, aparentemente sem valor, a ser melhorada e utilizada, em algum projeto, promoção ou campanha. A técnica do “brainstorming” - ou tempestade de ideias - reúne um grupo de pessoas com a finalidade de desenvolver a atividade criativa, com as ideias sendo anotadas, a princípio, sem permitir avaliação ou crítica, para uma posterior apuração, até ser definida a melhor.

 

Em qualquer tempo ou situação - em casa, junto à família, na escola, no trabalho, ou lazer - vivemos à procura de melhores ideias para serem aplicadas em nossas demandas do dia a dia. E todos somos criativos, uns mais, outros menos. Temos que nos habituar a cutucar a imaginação, garimpar ideias originais para solucionar problemas comuns. Elas sempre surgem.

 

Já os profissionais de mercado, estes vivem atrás de ideias e soluções para alcançar melhor retorno na venda de produtos, serviços e imagens; para atender às necessidades das empresas especializadas em assessoria de comunicação e propaganda, planejamento, marketing digital, identificação e posicionamento; promoções e eventos, branding, relações com a comunidade, pesquisas e lançamentos, no vasto mundo dos negócios, que não param de acontecer.

 

Tive a sorte de começar a trabalhar antes de completar 14 anos, como ascensorista no pequeno elevador de uma importante estação de rádio, e depois como escriturário, no departamento comercial da emissora. Por absoluta necessidade, botei a “mão na massa” muito cedo, colaborando com os corretores de anúncios, partindo das suas anotações - os pontos de vendas, para a elaboração de reclames comerciais. A rádio foi uma universidade para mim e o aprendizado me fez tomar gosto para exercitar a criatividade. 

 

Até às décadas de 1950 a 1960, o pioneiro veículo rádio era o principal canal utilizado por pequenos e grandes anunciantes do comércio de varejo, de todos os ramos possíveis - lojas de móveis e eletros, lojas de tecidos, de cama mesa e banho, sapatarias, hotéis, drogarias, casas lotéricas, restaurantes; medicamentos populares. E construções, imóveis, loteamentos, escolas, cursos técnicos, entretenimentos, eventos culturais, artísticos, esportivos, políticos e religiosos; comunicados de interesse público, alertas de segurança, avisos de cortes de serviços de energia elétrica e de falta d’água. Daí a expressão que ficou: “Deu no rádio!”

 

Atuei como anotador de anúncios, com fone preso aos ouvidos, em jornadas de seis horas, anotando o que era veiculado, para efeito de faturamento. Em pouco tempo, tinha as mensagens guardadas na memória. “Esse menino tá doido”, foi um comentário feito por meu pai, que me flagrou reproduzindo anúncios em voz alta. Trabalhar um bom tempo, ouvindo e anotando reclames, foi proveitoso. 

 

Num concurso educativo, promovido por uma empresa comercial, que procurava uma frase para promover a biblioteca a ser inaugurada, fui premiado com 500 cruzeiros, com a frase “Faça do livro o seu melhor amigo”. Aproveitei a grana para comprar calças, camisas, cuecas e sapato - e tive que explicar a origem da grana em casa. Me espantei quando vi a minha frase sendo usada na feira do livro, na praça Sete.

 

Huáscar Terra do Valle, diretor de criação da Starlight Propaganda, passou-me um pequeno folheto com informações técnicas sobre a nova geladeira Consul, para eu conhecer o produto e escrever um texto comercial, ao vivo, de 60 segundos, para a televisão. Foram cinco textos, jogados no lixo, em sequência. Abatido, com o sentimento de fracasso, voltei a batucar a velha Remington, até que surgiu uma luz: abrir o texto com uma garota propaganda bem alegre e expressiva, chamando a atenção dos telespectadores. Passei na prova e fui contratado!

 

Dulce Maria anunciou que a nova Cônsul tinha “o maior freezer que existe na categoria, onde cabe até um leitão inteiro”! E lá estava ele, em super-close, no freezer, o apetitoso leitão assado, tostadinho, decorado com alface, cebolas e espetado com azeitonas taludas, e dar água na boca! A câmera se afastava, suavemente, enquanto a garota lia o texto, aparecendo as diversas iguarias, todas cuidadosamente acondicionadas, até surgirem as tentadoras brahmas geladinhas. O comercial foi repetido várias vezes e vendeu o estoque de geladeiras da Ingleza Levy. De onde veio a ideia do leitão? Foi retirada do próprio folheto da geladeira, que destacava o bom diferencial do novo modelo Cônsul. Sem querer, querendo, ouvi o conselho do mestre Nelson Rodrigues - fiz o óbvio ululante!

 

A agência funcionava em uma casa na rua São Paulo, a um quarteirão do Mercado Central, onde costumava almoçar. Eu tentava encontrar uma ideia para substituir a moeda de 1 cruzeiro, utilizada, já há algum tempo, na abertura de cinco comerciais diários, ao vivo, em horário nobre, na TV Itacolomi, da promoção “Tudo com 1 cruzeiro de entrada na Ingleza Levy!”. Caminhando, de relance bati os olhos numa banca e me espantei:  molho de couve, 1 cruzeiro! Em frente, chaveiro com pezinho de coelho, 1 cruzeiro. E 6 bolinhas de gude, coloridas, 1 cruzeiro; saquinho de folhas secas, para chá, 1 cruzeiro; abacaxi cortado ao meio, geladinho, 1 cruzeiro; potinho com doce de leite, 1 cruzeiro! Surtei!

 

Com investimento de 6 cruzeiros, os comerciais ficaram assim: “No Mercado Central ou na Feira Livre, com 1 cruzeiro, você compra o quê? Este molho de couve, 1 cruzeiro; você compra esse pedaço de abacaxi com 1 cruzeiro; essas 6 bolinhas de gude, coloridas! Ou essas folhas secas para fazer chá… 1 cruzeiro. Agora, preste atenção! Na Ingleza Levy, com apenas 1 cruzeiro você leva pra casa essa geladeira! Ou esse fogão! Ou essa máquina de lavar!.O que você quiser!”.

 

O ato simples de mudar a “cabeça” dos comerciais alavancou as vendas da promoção anunciada, dando uma nova dimensão aos negócios, e sensibilizou até o diretor-presidente da empresa, que ligou para a agência elogiando. Custou muito barato!

 

Se o caro leitor leu este texto até o final, ficou sabendo que dei exemplos pessoais como estratégia, para demonstrar que as ideias simples também importam e dão resultados, quando utilizadas corretamente, no momento certo.

 

E por que o Chico Anysio?  “Quem havera de sê, Pedro Bó?”


*Hamilton Gangana é publicitário

 

 

      

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