Todo santo dia, de segunda a sábado, faça chuva ou faça sol, às 9 horas da manhã um sonoro grito de guerra anuncia que vai começar mais um programa de rádio ímpar e líder de audiência, em Minas, comandado pelo dono de uma voz clara e agradável, facilmente reconhecível: “Estamos aqui pela onda amiga e gostosa da Itatiaia!” E chama a parceira diária, a risonha Patrícia Jô, que chega bombando, com o “Bom dia, vida”!
Acir Antão manda um abraço de agradecimento e homenagem às amigas fieis e companheiras, de todos os dias - as donas de casa. Em seguida, a informação sobre a temperatura, os santos do dia, a data, que sempre registra alguma comemoração; uma frase otimista, de incentivo à autoestima, a mensagem de livros, com reflexão e valorização à vida, escritas por conceituados pensadores e filósofos; a orientação do trânsito, com as vias de acesso sempre engarrafadas (chamada ao vivo do helicóptero) - e de uma carreta em “L”, que fecha um trecho do anel rodoviário; a citação nominal das comunidades e dos aniversariantes do dia, com votos de “paz, saúde e alegria”.
E para “toda essa gente” um número musical - na verdade, a única música transmitida durante todo o transcorrer do programa. Entre cumprimentos aos ouvintes e abraços em profusão, tem início a sequência de comerciais, falados, interpretados e até cantados, com graça e a credibilidade adquirida durante anos no ar.
O “Programa Acir Antão” é um almanaque, um leque de informações, como um balcão de ofertas e oportunidades, para os ouvintes. As entrevistas, de utilidade pública, têm o testemunho de médicos, advogados, educadores, executivos, cientistas, historiadores, economistas, psicólogos, religiosos, técnicos, musicistas, professores e especialistas em algum assunto em evidência, que desperte curiosidade e discussões nas ruas e provoque manifestações, como os crimes de feminicídio, por exemplo.
A linguagem das pautas procura ser a mais simples possível, para que os interessados entendam e se sintam esclarecidos. É fácil notar que até os reclames testemunhais, de produtos e serviços, narrados pelo apresentador, procuram ser bem coloquiais, com naturalidade e clareza, de fácil entendimento e assimilação. O tom é sempre para cima, otimista e descontraído, como manda o figurino, permitindo até longas gargalhadas, coisas que só acontecem num veículo popular, como o rádio. E que também ajudam a quebrar o gelo.
Afinal, o horário é o mais nobre do rádio e estão ali, presentes, tentando prender a atenção dos ouvintes, marcas de xaropes, medicamentos de venda livre, e homeopáticos, ofertas de supermercados, drogarias e óticas populares; aparelhos auditivos, clínicas médicas e de implantes dentários, e planos de saúde; veículos seminovos, artigos de cama, mesa e banho e os infalíveis produtos estimulantes de prazer sexual; prestadores de serviços, cafezinho da hora, pão de queijo e biscoitos crocantes para as crianças; banco com propostas de serviços e pequenos investimentos, e também a atual febre de jogos e apostas on-line.
Vale lembrar que a informação, utilidade pública e prestação de serviços, são as cerejas das vitrines do programa e que, além das notícias, o tempo todo, levam-se para o debate, temas com o pitaco de especialistas em direitos da família, as contribuições e os deveres do INSS; obesidade, inventários, divórcios; transporte coletivo; a 381, o metrô, tarifas públicas, desemprego, leis e obrigações trabalhistas, educação e saúde; vacinação, epidemias, drogas, indisposição sexual, exercícios físicos; câimbra e dor de ouvidos, cuidados com a pele e cabelos; impostos, taxa Selic e inflação; joanete, ejaculação precoce, doenças do umbigo e a insegurança generalizada - problemas que atingem a todos os cristãos, indistintamente. Para muitos, o programa é uma universidade no ar. A custo zero!
Já aos domingos, motivado pelo clima de um dia livre, reservado para o lazer, confraternização e encontro festivo de almoço das famílias, da comidinha mais bem cuidada e de muitas lembranças e ajuntamentos de amigos, o programa é enriquecido com historinhas contadas à beira do fogão à lenha. Bares e restaurantes aproveitam o boca-a -boca para divulgar tira-gostos e pratos convidativos, com temperos caseiros, receitas da culinária mineira, de bochechos com as geladinhas e “xixi de anjo”, e também dos regabofes fora de casa, descanso merecido para as patroas. Ouvintes mandam recados recheados de lembranças saudosas, marcados pela presença da música na juventude e no transcurso de suas vidas.
Vivem-se duas horas de puro entretenimento musical, com as criações eternizadas por famosos compositores, instrumentistas e intérpretes, revivendo o que há de melhor na rica música popular brasileira. E, naturalmente, sem deixar de fora os queridinhos artistas da chamada prata da casa. De 11 às 13 horas, 120 minutos reservados para a elogiada “A Hora do Coroa”, um espaço sagrado com som nostálgico de música e as histórias que invadem centenas de milhares de aparelhos ligados, acompanhados de legendas curiosas, os comentários sobre as relíquias, ouvidas com todo interesse. Os ouvintes concordam que recordar é viver e completam com a afirmação: “A Hora do Coroa faz parte do nosso domingo!”
Experiente e orgulhoso de seu trabalho, Acir Antão (nascido em 1948) tem longa intimidade com microfones. Começou aos 14 anos de idade, quando já atuava como apresentador e animador de festas populares e religiosas nas barraquinhas, que arrecadavam recursos para os mais necessitados e para as obras de construção da Capelinha de Santa Luzia, na Vila Nova Esperança, em Belo Horizonte.
Profissional do rádio, há 60 anos, Acir fez de tudo: locutor noticiarista, apresentador de programas, programador, rádio-ator, coordenador de programação, chefe de jornalismo, repórter político e, antes de tudo, radialista de ofício. Em 2025 o “Programa Acir Antão” completa 45 anos de sucesso ininterrupto, pela rádio Itatiaia. Agora, mais comprometido com os últimos recursos da tecnologia, som e imagens pelo Youtube e a presença em todas as plataformas digitais.
Aos domingos, às 11 horas os ouvintes acompanham atentos, a mensagem de abertura do “A Hora do Coroa”, quando o Acir se concentra, emocionado:
“Cada canção conta uma história/Cada canção representa um tempo…uma vida/Quantas vezes rompemos a barreira da realidade fria e nos perdemos nos versos de uma canção, cavalgando o dorso de uma melodia, com momentos adormecidos na memória/Pessoas, lugares, partidas, risos, lágrimas… Enfim, momentos mágicos de um passado recente ou distante. No ar, A Hora do Coroa, pela onda amiga e gostosa da Itatiaia!”
Ouve-se o prefixo e fundo musical do programa, que ilustra a mensagem de abertura - a música “Zíngara”, do compositor e médico mineiro Joubert de Carvalho (1900-1977), natural de Uberaba, e solada pelo saudoso mestre, compositor e instrumentista Waldir Silva (1931-2013), também mineiro, de Bom Despacho.
E cada domingo ele produz e apresenta um programa de conteúdo bem elaborado, diferente e emocionante.
* Hamilton Gangana é publicitário
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