Crise é oportunidade. Mas sempre? As Lojas Americanas acreditavam que sim, e aproveitando a efervescência pela conquista do Planalto, sobretudo a disputa Bolsonaro versus Lula, estavam apostando todas suas fichas no candidato do PSL.
Suas lojas virtuais estavam comercializando, até alguns dias atrás, diferentes modelos de camisetas que exaltavam Jair Bolsonaro, estampando apelidos como "Lenda", "Mito", e associando o capitão a filmes como "O Poderoso Chefão". Outras camisas, também na linha bolsonarista, tratavam pejorativamente o petista, atualmente na cadeia, ostentando uma mão sem o dedo mindinho – uma das características de Lula – com expressões tipo "Xô, Lula" e "Fora Ladrão".
Alguns títulos presentes nas camisetas exibiam frases como "Melhor Jair se acostumando", "Bolsonaro presidente" e "Bolsomito".
RISCO - O advogado Alexandre Rollo, especialista em direito eleitoral, afirma que empresas não podem interferir diretamente nas eleições, mas disse que a venda das camisetas de cunho político não é ilegal. "A princípio, não veria grandes problemas nisso. Em momento eleitoral, a empresa está vendo que esse tipo de produto está dando lucro e sendo procurado pelo consumidor. Seria diferente se houvesse doação de camiseta", frisou.
Sob o ângulo estritamente mercadológico, ficava uma pergunta: as Lojas Americanas estariam abrindo mão de perder a clientela petista, ou anti-Bolsonaro? Se os dois candidatos forem para o segundo turno – ou mesmo Haddad substituindo Lula – não haveria perda substancial de clientes com essa estratégia criativa, mas arriscada? A rede não estaria dando um tiro no pé?
A resposta é sim. Tanto que, alertada pelo marketing, as Americanas retiraram do e-commerce todos os modelos bolsonaristas.
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