Um amigo meu dizia que a vida é igual a um caminhão cheio de porcos. No começo da viagem eles estão todos amontoados, sem espaço, reclamando. Ao longo do caminho eles vão se ajeitando, se posicionando e, quando chegam, o que era caos já está na mais perfeita ordem. A imagem é muito boa para o que está acontecendo com a comunicação. Durante anos vivemos e apontamos os perigos da juniorização das agências, que optavam por profissionais talentosos, antenados e mais baratos em detrimento de outros mais caros e experientes. Tem a ver com a queda dos investimentos na mídia tradicional, com a chegada de novas tecnologias e linguagens, mas tem relação também com aquela vontade de economizar em tudo o que for possível. As agências continuam seu trabalho, sua luta e vemos a explosão das startups. A sensação é de gente muito jovem, cheia de energia, ideias disruptivas e prontos para mudar tudo (e em muitos casos é isso mesmo). Parece que a juniorização não era apenas correta, como inevitável. Ainda assim, eu que estou beirando os 50, presto consultoria hoje (de maneira eventual ou recorrente) a pelo menos 6 startups, sendo duas em estágio inicial, uma se preparando para dar um salto e três com atuação nacional consolidada. Seria uma espécie de seniorização? Acontece, que todo mundo cresce, inclusive e idealmente as startups, e aí chegamos ao ponto que queria abordar. Cada vez mais vejo grandes profissionais de comunicação com um perfil mais experiente, muitos deles com passagens por agências, se recolocando em startups ascendentes. E muitas vezes em condições melhores do que as dos velhos tempos. É que esses profissionais trazem uma visão mais completa, mais ampla de comunicação. Uma experiência em lidar com públicos mais "caretas" do que os early adopters, com veículos de mídia mais tradicionais (lembre-se que o Uber anuncia em banca de revistas), enfim, uma visão que engloba o digital, mas não se limita a ele. São diversos exemplos e acho que é uma tendência muito bem-vinda, com ganhos para profissionais, jovens empreendedores, marcas e, espero, para os clientes e para o mercado. A mescla, a diversidade, a capacidade de combinar talentos e histórias diferentes quase sempre traz resultados incríveis. Que as startups valorizem cada vez mais a importância da experiência e que os profissionais de comunicação saibam se reinventar e trazer novos valores e competências para a sua atuação. Que assim seja. (*) Maurilo Andreas é fundador da Square Egg. Mentor do Founder Institute. Conselheiro do projeto Um Pé de Biblioteca. Publicitário e escritor
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